Yves Saint Laurent e a sua relação com a Arte na Segunda Metade do Século XX
- Eduardo Bernardino e Rita Couto
- 1 de fev. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de abr. de 2021
Yves Saint Laurent tinha uma admiração imensa pelas artes e por vários artistas plásticos que definiram épocas e estilos de pintura, obras que ele próprio colecionava.
O couturier adaptou a sua paixão pela pintura e arte no mundo da moda, o que o levou a criar coleções de alta-costura com que prestavam homenagem aos artistas e obras que apreciava, como Mondrian, Picasso, Matisse, Braque e Van Gogh.
As suas coleções apresentavam um híbrido entre a moda e arte, e atingiram o gosto de muitos críticos de moda assim como o da sociedade parisiense da época, fazendo-o então um ícone da moda do século XX e considerado dos mais importantes designers de moda.

"Yves Saint Laurent: Style is Eternal", The Bowes Museum, 2015
Piet Mondrian - 1965
Entre os momentos mais memoráveis de YSL, está a coleção Outono/Inverno 1965. A coleção apresentava uma variedade de vestidos em tributo ao pintor modernista holandês Piet Mondrian.
Vestidos em malha de lã sem costuras, de silhueta simples, funcionavam como uma tela ideal para o uso do color blocking inspirado nas pinturas de Mondrian, evocando o seu uso de geometria e estética do movimento neoplasticismo.
Ficou entitulado como o “Vestido Mondrian” e tornou-se num grande êxito, sendo exibido na capa da Vogue francesa em 1965.
Sendo um molde simples, várias industrias começaram a produzir réplicas do design, mais acessíveis á sociedade da classe média, tornando-se um estilo comum nas fashionistas de Paris e por todo o mundo.
Para complementar os coordenados, Saint Laurent colaborou com o designer Rogier Vivier, criando sapatos de salto alto pretos adornados com uma grande fivela quadrada em metal dourado e prateado.
Estes sapatos ganharam destaque quando foram usados pela atriz Catherine Deneuve no filme Belle de Jour. Este design de sapato ganhou grande popularidade e foi então renomeado com o nome do filme.
Tom Wesselmann - 1966
No ano seguinte, na coleção de alta-costura de 1966, os vestidos de lã voltaram desta vez inspirados pelo movimento Pop Art, particularmente nas obras de Tom Wesselmann.
Nesta coleção presenteou uma variedade de coordenados coloridos inspirados pela estética Pop Art, sendo dois vestidos de homenagem direta ao artista, com cortes inspirados na estética do movimento artístico e na sua relação com os códigos da sociedade consumista.
Além de referenciar o movimento de arte, estes vestidos retratavam o ambiente jovial e colorido presente na moda da época, especialmente em Londres, refletindo a influência da street fashion nas coleções parisienses de alta costura dos anos 60.
Estes vestidos, como a coleção anterior, de moldes e cortes simples eram facilmente copiados e transformados em versões com fácil acesso ao consumidor.
Picasso - 1979
Para a coleção de 1979 a sua inspiração foi no famoso artista Pablo Picasso, especificamente na sua colaboração com Segei Diaghilev para o ballet Parade, de 1917.
Apresentou uma série de vestidos mais curtos, decotes mais cortados e ombros mais destacados, e uma paleta de cores infuenciada por Picasso. Representavam a admiração de Saint Laurent pela uso da cor por parte de Picasso, assim como pela sua mistura do cubismo com arte barroca.
Matisse e Léger - 1981
Na sua coleção Outono/Inverno 1981 , Yves Saint Laurent tomou como inspiração os artistas plásticos Henri Matisse e Fernand Léger. As obras destes artistas inspiraram os padrões e cores usadas nas coleção.
Vestidos com estampados de formas coloridas típicos das obras de Matisse, evocando o movimento do expressionismo e formas inspiradas em peças de Léger, provenientes do cubismo.
Van Gogh, Monet e George Braque- 1988
Na coleção Primavera/Verão 1988, prestou homenagem a outros artistas plásticos como Vincent Van Gogh, Claude Monet e Georges Braque.
Com inspiração nos traços do impressionismo e pós-impressionismo de Van Gogh e Monet, o couturier construiu casacos detalhados, feitos á mão, que levaram mais de seiscentas horas de trabalho manual para completar, tornando estas em peças exclusivas e de grande valor. Estes bordados pela conhecida Maison Lesage.
Na mesma coleção evocou o estilo de Georges Braque, exportando as suas obras em estampados e formas tridimensionais inspirados nos pássaros coloridos e instrumentos cubistas de Braque.
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