Arte como referência para a moda na Segunda Metade do Século XX
- Eduardo Bernardino e Rita Couto
- 31 de jan. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de abr. de 2021
Desde sempre, a arte e a moda tiveram uma relação intrínseca e indissociável. Na segunda metade do século XX, a moda busca continuamente referências nos principais movimentos artísticos da época: a Pop Art e a Op Art.
Pop Art

Marilyn Diptych, Andy Warhol, 1962
Desde a sua aparência anos 50, o Pop Art esteve conectado com a indústria da moda. Um movimento de protesto contra os valores elitistas das artes plásticas e da sociedade, introduzindo aspetos da cultura popular na arte, tornando-a mais relevante para as novas gerações.
Com padrões vibrantes, eye-catching, capazes de transmitir uma imagem clara e universal que transcende o elitismo artístico, o movimento da Pop Art atraiu as massas de comunicação e tornou-se um dos movimentos mais referenciados na indústria da moda, um acto de protesto ao Expressionismo abstrato, carregado de críticas ao consumismo e populismo. Apropriou-se de imagens de cultura pop e dos media introduzindo-as em novos ambiente e objetos comuns, com estilos arrojados, cores vibrantes e de fácil compreensão, teve grande de influência na sociedade, nos media e principalmente nos designers.
O movimento inspirou varias gerações de artistas assim como artigos de merchandising, na cultura pop, em artista artistas musicais do momento como The Beatles, Jimi Hendrix, The Doors, David Bowie and Debbie Harris. Desde as suas roupas ao design gráfico dos seus álbuns.
Andy Warhol é dos primeiros ícones da Pop Art, das mais influentes figuras do movimento e consequentemente da indústria da moda. Começou a sua carreira como ilustrador de moda, a trabalhar para revistas como Glamour, Mademoiselle e Vogue.Foi também um dos primeiros artistas a transformar as suas obras em peças de vestuário.
Nos anos 60 Warhol começou por estampar as suas criações em vestidos de papel, obras de arte estas que se relacionavam á essência do consumidor e o seu estilo de vida, assim como os hábitos de descartar bens de consumo.
A sua arte serviu também de inspiração para outros criadores com o exemplo de Gianni Versace. Na coleção Primavera/Verão 1991, o estampado colorido de Marilyn Monroe e outros ícones pop foi usado em várias peças e coordenados exuberantes.
“Art is what you can get away with.” Andy Warhol
Mais sobre a vida profissional de Andy Warhol e o impacto do seu trabalho em vários campos do design narrado por designer, artistas e figuras da cultura pop.
Op Art
Pierre Cardin collection, 1969.
Fragment 1/7, Bridget Riley, 1964.
O movimento artístico Op Art foi liderado por Bridget Riley e Victor Vasarely e teve um impacto considerável nos anos 60, uma década marcada por diversas mudanças sociais e económicas, destacando-se principalmente pelo início do consumo de massas. Este estilo demarca-se pela sua associação à estética e clima psicadélico da época e também à corrida espacial que influenciou inevitavelmente a moda.
O termo Optical Art foi utilizado pela primeira vez em 1964 num artigo da revista Time. Obteve reconhecimento público em 1965 com a exposição The Responsive Eye apresentada no MoMa em Nova Iorque, onde 99 artistas apresentaram os seus trabalhos. Assim, a Op Art tornou-se global e começou a aparecer no design gráfico, design de moda, decoração de interiores, etc. Os designers de moda inspiraram-se na Op Art tirando partido e experimentando com padrões abstratos, como o xadrez, riscas e pontos, que criavam ilusões de ótica no tecido. A Op Art focava-se na impressão, sendo que estes estilos geométricos eram geralmente compostos de painéis de tecido em cores contrastantes como preto e branco ou cores primárias brilhantes justapostas. A Op Art veio também complementar perfeitamente o estilo bold dos mods. Assim, este estilo era frequentemente combinado com a silhueta mini saia de Courrèges e os collants de Mary Quant.
O sucesso comercial deste estilo foi efémero, visto que no final da década já se adivinhava o seu declínio, com a adoção de um novo estilo mais orgânico e menos gráfico e a dissipação do estilo mod. No entanto, a grande adoção do estilo Op Art por um mercado de massas foi um passo importante no estudo do desenvolvimento dos media como plataformas de venda e do mercado de pronto-a-vestir. Este estilo veio também pôr em causa a ideia da comercialização da arte, sendo que artistas como Bridget Riley denunciavam a forma como a arte estava a ser vulgarizada, enquanto que outros como Victor Vasarely pensavam que a arte deveria ser para todos e até colaboravam com empresas têxteis.
“Focusing isn’t just an optical activity, it is also a mental one.” Bridget Riley

Movement in squares, Bridget Riley, 1961.
André Courrèges dress, 1965.

Metagalaxy, Victor Vasarely, 1959-1961.
Tita Rossi dress fotografado por David Bailey, Vogue Italy, 1969.

O vestido em papel serigrafado foi concebido em 1966 como um artifício publicitário pela Scott Paper Company para promover uma nova linha de papel higiénico colorido. Scott ofereceu um vestido descartável por apenas 1$, sendo que um dos designs tinha o padrão Op Art.
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